quarta-feira, 23 de julho de 2008

(re)Maracangalha



{ Publicado originalmente a 26 de Outubro de 2007 }

Maracangalha é o nome do campo de futebol estádio com relvado de betão que existe por cima da garagem do nº1 da Rua Cidade de Bolama (e bem visível da curva da Rua Vila de Catió).


O Maracangalha (postador) era um craque!

Apesar dele não assumir a sua condição de excelente:


- guarda-redes (assim tipo Zé Gato),

- defesa (estilo baseado no Freitas-ou-passa-homem-ou-passa-bola-os-dois-nunca!),


- centro-campista (o Toni dos Olivais)


- ou mesmo avançado (ainda hoje toda a gente se lembra do seu estilo aguerrido muito parecido com o do Néné).


Jogava bem em qualquer posição.
O sonho de qualquer treinador.

Só mesmo o Brynner e o Toninho Barrigana rivalizavam com ele!


Eram sempre os primeiros escolhidos.

E todos nós queríamos ter a sorte de ficar na mesma equipa que eles.

PUBLICADA POR BEIRA EM 26.10.2007, 9:18.


ALGUNS COMENTÁRIOS:

bafata disse...
Maracangalha, Breyner, Barrigana, Travassos e Peyroteo ??
26 DE OUTUBRO DE 2007 11:39  

joão belo disse...
agora me lembro, a primeira vez que joguei no Maracangalha foi com o João Barrigana. Devia ser em 73/74 e provavelmente era a equipa de iniciados do Maracangalha.
Depois voltei a repetir pela Vila Catió, muito mais tarde, uma vez, fiz equipa com o Toninho, o Paleta, o Lingras, o Lizé, o Cantinho, o Sabo. Eheheheh, memória, eheheheh!
26 DE OUTUBRO DE 2007 13:29  
 
Maracangalha disse...
O gajo dos "retratos psicológicos" tá-se a passar.
26 DE OUTUBRO DE 2007 16:12
 
Fulacunda disse...
não sei porquê. Eu sempre achei que tu eras o melhor dos bonecos da bola. Tu ... e ele. O gajo era tb um autêntico Liedson
26 DE OUTUBRO DE 2007 16:51  
 
Largo das Mamas disse...
...
Quanto às habilidades/adjectivos futebolísticas do Maracangalha, corroboro em tudo.
26 DE OUTUBRO DE 2007 22:34
 
intrusa disse...
Já lá fui ver o Maracangalha no passeio a seguir ao jantar e devia mesmo ser óptimo para jogar, mas não perdiam muitas bolas para estrada? o muro é mto baixinho... qualquer remate ia para lá baixo à estrada.
26 DE OUTUBRO DE 2007 23:40
 
Xai Xai disse...
intrusa: pensas que os encómios que aqui se produziram eram fantasia juvenil? o calibre dos craques era tal que a bola só levantava para encontrar uma cabeça goleadora e mesmo assim com movimento de cima para baixo como mandam as regras.
fula: não podes chegar aqui e ofender a torto e a direito. chamar liedson a alguém é pior que....
27 DE OUTUBRO DE 2007 0:14  
 
Beira disse...
Não se jogava no campo todo e desse lado (nascente) a baliza (duas pedras no chão) estava bem afastada (15-20 m) da grade que protegia o estádio.


Mesmo assim de vez em quando lá se ia buscar uma bola à estrada.


E ainda havia outro problema. Quem está no estacionamento da Catió e olha para o estádio pode ver do lado direito, mesmo ao lado do relvado dos prédios, uma antiga rampa que foi tapada. Pois quando aí se jogava a rampa não estava tapada e era muito fácil que a bola aí fosse parar. Lá tinhamos de saltar o muro e descer até ao fundo da rampa para ir buscar a bola.
27 DE OUTUBRO DE 2007 14:11
 
Beira disse...
Quanto a eu estar a "passar-me" é fácil de explicar.


O Maracangalha nunca foi um craque da bola.
Safava-se, mas também não era tão mau como o Brynner (e não Breyner, assim conhecido por ter rapado o cabelo e ter ficado parecido com o actor Yul Brynner) ou o Toninho B (as botas que ele usava eram mesmo ortopédicas?).


Os benfiquistas que por aqui param devem ter achado que, com aquelas comparações (Zé Gato, Toni e Néné, que o Freitas era azul e branco!), o rapaz era mesmo um génio do cauchu.
Era para gozar convosco pois se ele fosse mesmo bom os nomes seriam Damas, Alhinho, Vagner e Yazalde!!!


Esclarecidos?
;-)
27 DE OUTUBRO DE 2007 14:24  

Beira disse...
Um outro pormenor que convém esclarecer.

Os irmãos Van Dunen Barrigana eram 4.

O Pedro era o mais velho (e pesado) e jogava em força, o João (da minha idade) era mais cerebral e jogava bem, o Paulo (que fez nome no atletismo nacional) era atlético e jogava bem, e o Toninho, o mais novo, não era dotado para o desporto mas à defesa até conseguia resultados pois ninguém se queria aproximar dele (ou seria das botas??).

Em 76 mudaram de bairro e nunca mais soube nada deles.
Só mesmo os feitos do Paulo no atletismo.
27 DE OUTUBRO DE 2007 14:36  

serafim saudade disse...
Beira, o Pedro Barrigana jogava em força e em grito longo, afastando (via susto alheio) os petizes da frente. Fazia parelha com o Pignatelli, um meio-queque que emigrou para o Brasil para o Maracanã, e que não dava confiança ao pessoal. Além disso tinha uma guitarra eléctrica que me diziam ser uma Fender (sabia lá eu o que isso era ...) O melhor do Marancaglha (ou o pior no registo do post) era o Mesquita (João António?), um artista da bola que largou as chuteiras quando começou a namorar a bela loura do andar em baixo dele. Cedeu o trono ao "Optilon ... fuça, fuça e não se cansa", o grande Fanã, um antecessor do Futre (fintava 11 numa cabine telefónica e falhava o passe), um extremo voluptuoso que só entregava a bola ao seu ponta-de-lança de eleição, exímio especialista na mama, o Puto Zé [que levava porrada quando falhava o golo - e levava muita]. O Pai d'Optilon, o lendário Sô Manél, ia assistir a muitos jogos, orgulhoso do filho e até imaginando-o futuro titular do Oriental de Marvila. 
Da dinastia Barrigana registe-se que o João B. era uma maravilha de um tipo mas na bola tinha prosápias de intelectual (play-maker) sendo um bocado para o nabo. Depois, presumo que já não jogando, trabalha(va) na produção da RTP e apanhei-o na (não Rua) Cidade de Maputo há 10 anos em deslocação profissional [há tipos que estão na mesma] - e vio-o este Verão aí, à frente da CGD na rua, mas não nos falámos, eu ia de carro e fui estúpido para não parar. O Paulo B. era bom de bola, no jeito que lhe deve ter servido para ser recordista de desportos sem bola. Quanto ao Toninho B. acertaste em cheio, era um defesa coriáceo, as suas botas com protector e tudo avassalavam as canelas adversárias. Tinha o senão de abandonar o campo a chorar sempre que o mano mais velho jogava, que ferviam os calduços.

 Registe-se que falo dos verdadeiros donos do Maracangalha, a malta da Bolama, inauguradores. Os "Gordos", os foleiros da Catió, jogavam nas relvas fronteiros aos prédios - mais tarde, já adolescentes os Bolamas penduraram as chuteiras e acenderam os charros e esses catiós avançaram ao cimento adquirindo (pobres) caganças de proprietários. Na seita deles pontificou um tal de Muller, que veio a ser proto-profissional no Sport Lisboa e Olivais, e lembro que jogava bem um tal de Cá (?) que encontrei décadas depois como excelso livreiro (um gajo que vende e percebe de livros) nas Amoreiras. E um tal de Gadocha, pálida sombra do nosso Fanã, que se tornou num barril [há gajos que continuam na mesma] e com o qual embarrilei ene cervejas no tempo do Pinto (é o irmão do "Engenheiro" Vitor).
3 DE NOVEMBRO DE 2007 0:36  

Beira disse...
São tantos os nomes que poderia deixar escapar.


Que o Maracangalha era do povo, apesar de ser um pouco mais nosso do que dos outros.


Mas voltemos aos artistas que por lá jogaram.
Referiste o Mesquita mais velho. João António, tal como disseste, que infelizmente seguiu as pisadas do Iordanov pois sofre de esclerose múltipla. (deveríamos fazer um jogo de homenagem?)


Já que referi os irmãos Barrigana, quais Dalton do Maracangalha, agora convém falar dos irmãos Dá Mesquita. Que eram só dois.

O João António jogava realmente bem, mas não devemos esquecer que tinha mais uns anos que nós e nessas idades 3 anos de diferença era muita coisa. Acho que não foi só a loura do andar de baixo a desviar o rapaz da nobre tarefa. Também começou a ter concorrência séria. Lembro-me de um tal de Zézé Moreira que impôs a sua classe no relvado de betão. Mas havia mais ases do cauchu...


O Luís Miguel que era da nossa idade também tinha talento para a bola e era mais distribuidor de jogo, com algum talento para centrar. Mas levava o jogo demasiasdo a sério e de quando em vez lá amuava se a coisa não lhe corria de feição.

E quase todos calçavam sapatilhas ou botas Sanjo.
(a Sanjo deve ter feito fortuna com os utentes do Maracangalha que o betão não perdoa...)
5 DE NOVEMBRO DE 2007 9:30  

Serafim Saudade disse...
Notícia trista essa do Mesquita. Eu vi-o há uns meses aí na Bolama e ele ia muito abatido, julguei-o com um esgotamento nervoso. Afinal!? Perde-se a vontade assim deste registo saudoso saudável.


Beira, tens algumas razões: as sapatilhas Sanjo, cujo apogeu não foi na New Wave (sapato branco) mas sim antes (versão bota preto e branco, claro!); tens também no Luís Miguel Mesquita, extremo esquerdo algo britânico, e não só por ser louro; a bela definição dos Dalton do Marancagalha, "estiveste bem"; e, last but not the least, a referência a esse craque da bola de cautchumbo, precocemente retirado, o Zezé Moreira, a saudade desse verdadeiro play-maker, um cerebral box-to-box de contornos maracangalhadamente incomparáveis.


Já qu'isso do maracangalha fosse do povo é mais ou menos. Era de todos, mas havia uns mais todos do que outros.

Lembras bem que o Mesquita era mais velho, mas isso não reduz a sua episódica supremacia. Ele era da idade do Pedro Barrigana, acima descrito tal e qual, e também daquele Pignatelli blasé, bem como do Gorila, que vim a encontrar repetidas vezes em austrais paragens na sua versão Luís Miguel - era (e é) irmão da belíssima Micá, garota vintage que ainda não foi aqui retratada não sei porque (ausência de) critérios. 

Já agora, ó Beira, não consegues uma ilustração do "dois saltos e passos", a mais democrática forma de selecção que se conheceu?